Expressividade e Instrumentalidade
Expressiveness and intrumentality in black and white women
Carmen Luiza Hozanna Ferreira*
Maria Cristina Ferreira**
Resumo
Apoiando-se
nas posições teóricas de Bem (1981) e Spence (1984), compararam-se neste estudo,
a expressividade e a instrumentalidade de 97 mulheres negras e 101 mulheres
brancas. Os resultados obtidos no Questionário Estendido de Atributos Pessoais
evidenciaram que as mulheres negras apresentaram um índice de expressividade
significativamente menor que o das mulheres brancas. Por outro lado, os índices
de instrumentalidade positiva e negativa das mulheres negras foram significativamente
maiores que os obtidos pelas mulheres brancas. Concluiu-se que os preconceitos
e discriminações que historicamente marcaram a socialização das mulheres negras
na sociedade brasileira podem estar interferindo na formação de sua identidade
de gênero.
Palavras-chave
Expressividade;
instrumentalidade; identidade de gênero.
O gênero constitui um dos principais componentes da auto-identidade, e deste modo, a masculinidade e a feminilidade se convertem em qualidades fundamentais do ser humano, sendo importantes para a defesa e manutenção do eu (Spence, 1984). A masculinidade e a feminilidade articulam-se na identidade de gênero, isto é, na auto-percepção da vivência de ser masculino ou feminino, que se expressa em constelações de traços de personalidade instrumentais e expressivos (Spence, 1984).A identidade de genêro inclui cognições e estereótipos sobre o gênero, exercendo contínua influência no comportamento do indivíduo e em sua visão de si mesmo (Katz, 1986).
Tomando
por base as várias fases do desenvolvimento da identidade de gênero na criança,
Bem (1981) elaborou a teoria do esquema de gênero, para explicar a formação
desse constructo. A autora parte do princípio de que a percepção consiste em um
processo de construção resultante da integração da informação recebida no
momento com um esquema cognitivo já existente. Deste modo, propõe que, na
infância, a criança recebe uma série de informações relativas ao tipo de
comportamento apropriado a cada sexo. Essas informações são integradas em um
esquema de gênero que contém tudo aquilo que é aprendido pelo indivíduo sobre
gênero, ou seja, as crenças sobre sua masculinidade ou feminilidade e os
atributos e comportamentos ligados ao sexo. Tal esquema de gênero incide
diretamente na auto-imagem do indivíduo e é ativado todas as vezes que ele
precisa recordar ou processar uma informação nova sobre o eu ou sobre outras
pessoas, no que se refere ao comportamento feminino ou masculino.
A
elaboração de modelos teóricos para explicar a identidade de gênero evidenciou
a necessidade de se desenvolverem instrumentos de mensuração que permitissem a
operacionalização do constructo e a verificação empírica de tais modelos. A
construção de tais instrumentos tem sido orientada por duas concepções
principais: a unifatorial e a bifatorial.
A
concepção unifatorial (Terman ; Miles, 1936) considera que, da mesma maneira
que o sexo biológico é excludente, os atributos psicológicos e comportamentais
que os diferenciam também o são, e assim, as qualidades masculinas e femininas
não se encontram presentes ao mesmo tempo, no mesmo indivíduo. Portanto, de
acordo com esta concepção, a instrumentalidade e a expressividade constituem os
extremos de um único contínuo bipolar, em que cada indivíduo pode ocupar uma
única posição, com os homens tendendo para o polo masculino instrumental e as
mulheres para o polo feminino expressivo.
Em
oposição ao modelo unifatorial, surge, na década de setenta, o modelo
bifatorial (Bem, 1974; Block, 1973; Spence, Helmreich e Stapp, 1975), que
sustenta que os constructos de instrumentalidade e expressividade consistem em
duas dimensões independentes, o que não significa que sejam opostas ou
excludentes, podendo, assim, ocorrer no mesmo indivíduo, em maior ou menor
grau. Vários questionários de auto-descrição foram desenvolvidos para medir a
instrumentalidade e a expressividade concebidas como constructos independentes.
Entre eles, os mais conhecidos são o Inventário do Papel Sexual de Bem (BSRI),
desenvolvido por Bem (1974), e o Questionário de Atributos Pessoais (PAQ), desenvolvido
por Spence, Helmreich; Stapp (1975).
A
elaboração de tais instrumentos ensejaram a realização de um grande número de
pesquisas que objetivavam esclarecer os principais correlatos psicológicos e
comportamentais da instrumentalidade e expressividade. A análise desta
literatura revela, porém, que apesar do volumoso acervo empírico já reunido
sobre tais constructos, é possível perceber uma carência de estudos
desenvolvidos com a finalidade específica de verificar as possíveis diferenças
existentes entre a expressividade e instrumentalidade de mulheres brancas e
negras.
De
acordo com a história da maioria das sociedades, os papéis de gênero
desempenhados pela mulher costumam ser diferentes daqueles desempenhados pelo
homem, cabendo, à mulher, em geral, uma posição inferior. Mesmo nas sociedades
em que as posições do homem e da mulher são mais igualitárias, pode-se notar
uma certa desigualdade entre os sexos, em uma demonstração de que a dominação
masculina ainda se constitui em um fenômeno universal.
No
Brasil, a discriminação contra a mulher pode ser constatada através da forma
aberta ou camuflada pela qual ela aparece refletida no salário inferior que a
mulher recebe, em comparação ao do homem na mesma função; nas maiores
dificuldades de ascensão profissional da mulher e no maior contingente feminino
que exerce funções desqualificadas. Ainda assim, a situação da mulher vem
passando por várias transformações, principalmente nas sociedade ocidentais.
Deste modo, a mulher brasileira, de modo semelhante ao que vem ocorrendo em
outras culturas, começa, ainda que lentamente, a tomar consciência do seu papel
e responsabilidade diante da sociedade e a lutar cada vez mais contra a
situação discriminatória a que foi submetida por longo tempo.
Nessa
luta contra a discriminação, a mulher brasileira negra tem precisado empreender
esforços ainda maiores que as mulheres brancas, na medida em que é submetida a
uma dupla discriminação, oriunda da origem escrava da raça negra na sociedade.
Assim é que a história do negro brasileiro é marcada por episódios e conflitos
que, ao longo dos anos, contribuíram para reforçar os estereótipos e
preconceitos contra esse grupo étnico. Adjetivos tais como selvagem, inferior,
violento e desumano, têm sido tradicionalmente utilizados para caracterizá-lo
(Grupo de Mulheres do MNUBA, 1981).
Em
conseqüência desses fatos, o acesso da mulher negra ao mercado de trabalho, às
oportunidades educacionais e à sociedade, em geral, tem sido bastante
dificultado, o que a obriga a se submeter a tarefas mais árduas e pior
remuneradas que as da mulher branca, que não tem sobre si o peso de uma
história tão dramática. Tal situação, entretanto, não impediu a mulher negra de
também iniciar a sua luta por uma situação de nivelamento e oportunidades
iguais às das mulheres brancas, e seus resultados já podem ser percebidos na
presença cada vez maior da mulher negra em várias profissões, na política e nas
artes.
Entretanto,
mesmo após decorridos longos anos do início dessa luta, ela ainda continua
sendo discriminada e submetida ao desempenho de papéis subalternos, por causa
de sua cor. Desse modo, os obstáculos a que ela ocupe o papel que lhe é de
direito na sociedade brasileira ainda persistem, apesar da existência de leis
que proíbem essa discriminação. Percebe-se, assim, que na sociedade brasileira,
além da socialização diferenciada entre os sexos, ocorre também uma
diferenciação historicamente comprovada entre a socialização da mulher branca e
a da mulher negra, que aprende, desde cedo, que ser mulher e negra é ter um
papel duplamente inferior.
De
acordo com Bem (1981), o esquema de gênero contém as crenças do indivíduo
acerca da sua masculinidade ou feminilidade e incide diretamente na sua
auto-imagem. Considerando-se que a mulher negra brasileira passa por um processo
de socialização diferente do da mulher branca, no que se refere à aprendizagem
de um papel duplamente inferior, poder-se-ia pensar na possibilidade da mulher
negra desenvolver esquemas de gênero caracterizados por uma auto-imagem mais
negativa, que se refletiria em uma menor expressividade, quando comparada à
mulher branca. Por outro lado, a necessidade de maiores lutas para se impor
poderia levá-la a desenvolver maiores índices de instrumentalidade, em
comparação à mulher branca.
O
objetivo, aqui, foi investigar a existência ou não de diferenças entre a
expressividade e instrumentalidade de mulheres brancas e negras, a partir da
hipótese de que as mulheres negras apresentariam menores índices de expressividade
e maiores índices de instrumentalidade que as mulheres brancas.
Foram
utilizadas 200 mulheres de classe média, com nível de escolaridade médio ou
superior. Dessas, 97 pertenciam à raça negra e 103 à raça branca. A idade
variou de 27 a 45 anos, com média de 35,14 anos. Foram consideradas negras as
mulheres com características físicas da raça negra (pele de cor escura, cabelos
crespos, etc) que admitiram pertencer àquela raça. Foram consideradas brancas
as mulheres com características físicas da raça branca (pele de cor clara,
cabelos lisos, etc) que admitiram pertencer àquela raça.
A
coleta de dados se deu através da versão brasileira (Ferreira, 1995) do
Questionário Estendido de Atributos Pessoais (EPAQ), de autoria de Spence,
Helmreich ; Holahan (1979). O referido instrumento consta de trinta e um itens
bipolares (como por exemplo, muito agressivo / pouco agressivo), a serem
julgados pelas pessoas em escalas de cinco pontos, de acordo com o grau em que
esses itens se aplicam a eles.
Tais
itens se subdividem em quatro escalas: duas de masculinidade, sendo uma
positiva (M+) e outra negativa (M-), com oito itens cada, e duas de
feminilidade, sendo uma positiva (F+), com oito itens, e uma negativa (F-), com
sete itens. As escalas de masculinidade são compostas de itens relacionados a
traços instrumentais, considerados como mais típicos do homem que da mulher,
porém, socialmente desejáveis (escala M+) ou indesejáveis (escala M-) em ambos
os sexos. As escalas de feminilidade se compõem de itens relacionados a traços
expressivos, considerados mais típicos da mulher do que do homem, porém,
socialmente desejáveis (escala F+) ou indesejáveis (escala F-) em ambos os
sexos. Os coeficientes de precisão destas escalas, na amostra brasileira,
calculados separadamente para os sujeitos de sexo masculino e feminino, através
do coeficiente alpha de Cronbach, variaram de 0,60 a 0,75. A comparação dos
resultados do EPAQ entre os dois sexos revelou diferenças altamente
significativas na direção esperada, suportando a validade do instrumento.
Procedimento
O
questionário foi aplicado individualmente ou em grupo. Os sujeitos foram,
inicialmente, informados da finalidade da pesquisa e solicitados a colaborar.
Em seguida, receberam os questionários, leram as instruções e puderam tirar as
dúvidas que por acaso surgiram. O tempo de aplicação foi livre.
As médias das diferentes escalas
utilizadas no estudo, bem como os resultados dos testes t de Student calculados entre as médias das mulheres de raça branca
e de raça negra, nas várias escalas, são apresentados na Tabela 1:
Tabela 1:
Comparação entre as amostras do estudo nas quatro
escalas do EPAQ
Escalas |
Mulheres
negras |
Mulheres
brancas |
T |
P |
||
|
Médias |
Desvios
padrões |
Médias |
Desvios
padrões |
|
|
F+ |
23,89 |
3,02 |
25,56 |
3,64 |
3,52 |
<
0,001 |
F- |
7,03 |
2,63 |
7,30 |
2,07 |
0,80 |
n.s. |
M+ |
20,79 |
3,43 |
18,61 |
3,37 |
4,51 |
<
0,001 |
M- |
12,01 |
3,11 |
10,45 |
3,43 |
4,39 |
<
0,001 |
Conforme
se pode observar na referida tabela, a média das mulheres negras foi
significativamente menor que a média das mulheres brancas, na escala de
feminilidade positiva. Por outro lado, as médias das mulheres negras foram
significativamente maiores que as das mulheres brancas nas escalas de
masculinidade positiva e masculinidade negativa. Tais resultados confirmam, assim,
as hipóteses da pesquisa. Não se observaram diferenças significativas nas
médias dos dois grupos, na escala de feminilidade negativa.
Discussão
Os
resultados encontrados na presente pesquisa confirmaram a hipótese de que as
mulheres negras apresentariam índices de expressividade significativamente
menores do que as mulheres brancas, numa demonstração de que as mulheres negras
se autopercebem como tendo traços expressivos socialmente desejáveis, em menor
intensidade que as mulheres brancas.
Uma
possível explicação para esse fato pode estar nos processos de socialização
diferenciados a que são submetidas as mulheres brancas e negras, na sociedade
brasileira. Tais processos, impostos desde cedo pela cultura, se fundamentam em
normas específicas, apropriadas a cada sexo, que determinam as características
consideradas femininas, as quais toda mulher deve ter em maior grau que o
homem. O objetivo parece ser o de fazer com que, à medida que as meninas se
tornem adultas, essa socialização se acentue e vigorem as normas especificadas
pela sociedade. Deste modo, as meninas são recompensadas por serem dóceis,
passivas e dependentes, e das mulheres se espera que sejam cuidadosas para com
as outras pessoas, delicadas, que cultivem a atração, mantenham uma postura
afetuosa e sejam socialmente estáveis (Bee, 1979). A internalização desses
estereótipos culturais sobre o papel feminino, impostos desde cedo pela
sociedade, é que faz surgir os esquemas de gênero que irão moldar a auto-imagem
e o comportamento feminino, de acordo com as crenças, atitudes e preferências
relacionados aos papéis esperados (Bem, 1981; Katz, 1986).
A
mulher negra brasileira, entretanto, em função de sua história carregada de
preconceitos e discriminações, não obteve as mesmas oportunidades da mulher
branca, no sentido de expressar seus sentimentos, cuidar de sua aparência ou
cultivar sua atração, já que, historicamente, sempre foi vista como escrava e
como objeto de prazer sexual forçado. Assim, características como amabilidade,
emotividade, sensibilidade, eram sentimentos apropriados à mulher branca, mas
não à negra. Já o conceito de beleza sempre foi visto dentro dos padrões
estabelecidos pelos brancos, que via na pele branca e no cabelo liso um padrão
de “boa aparência”. O que era puro, honrado e bonito era designado sempre à
mulher branca, pois a mulher negra era considerada um ser inferior, feio,
incapaz e imoral (Grupo de Mulheres do MNUBA, 1981).
Os
conflitos vivenciados por essas mulheres, bem como o estereótipo negativo de
sua raça, podem ter interferido em sua auto-estima e na construção de sua
identidade pessoal e social, impedindo-a de aceitar as características de sua
raça. Neste sentido, a imagem mais negativa de feminilidade que a mulher negra
construiu de si, que se reflete na sua menor valorização dos traços expressivos
femininos, pode ter se originado dessa imagem que dela fizeram, por mais de
três séculos, e que, provavelmente, está se refletindo nos processos de
socialização a que vem sendo submetida.
Observaram-se,
ainda, diferenças significativas entre os dois grupos, no sentido das mulheres
negras apresentarem uma masculinidade tanto positiva quanto negativa,
significativamente maior que as mulheres brancas, numa demonstração de que as
mulheres negras se auto-percebem como tendo uma maior quantidade de traços
instrumentais que as mulheres brancas. Tal fato pode estar, também, associado
aos processos de socialização da mulher negra brasileira. Assim é que,
competição, agressividade e dinamismo, características consideradas masculinas,
sempre fizeram parte da vida da mulher negra que, para se libertar da condição
inferior imposta à sua raça, foi obrigada, historicamente, a compartilhar das
fugas ou revoltas dos seus companheiros negros. Deste modo, é possível que a
mulher negra tenha internalizado, em maior grau, traços masculinos, que lhe
permitissem desenvolver um modo de vida de constante competição e luta
incessante, como forma de superar as freqüentes discriminações e repressões a
que é submetida, bem como de resgatar sua identidade.
Tais resultados devem, entretanto, ser
entendidos como uma primeira abordagem à questão da identidade de gênero da
mulher negra, na medida em que não foram encontrados estudos anteriores sobre
tal temática. Dessa forma, seria interessante que estudos futuros procurassem
aprofundar os dados ora obtidos, especialmente no que diz respeito aos demais
fatores psicossociais que interferem na construção desta identidade. A
realização de tais estudos poderá contribuir, sem dúvida, para a maior compreensão
dos diferentes fatores imbricados na configuração da identidade étnica e de
gênero das mulheres negras.
Notas
* Mestre em Psicologia - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – RJ).
Endereço: Departamento de Psicologia – PUC-RJ. Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, RJ, Brasil. CEP. 22453-900.
** Doutora em Psicologia - Universidade Gama Filho
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Abstract
Based on theoretical positions of Bem (1981)
and Spence (1984), the expressiveness and intrumentality of 97 black women and
101 white ones was compared. The results of Extended Personal Attributes
Questionnaire showed that the black women had a significantly lower
expressiveness than the white ones. In addition, it was verified that the black
women presented a significantly higher positive and negative instrumentality
than the white ones. The results were interpreted in association with the
prejudices and discriminations that
marked the socialization history of black women in Brazilian society,
which could be influencing the formation of their gender identity.
Keywords
Expressiveness, instrumentality,
gender identity
Recebido em: 15/08/01
Aceito para publicação em: 25/10/01
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